O mal estar contemporâneo engendra novos e requintados sintomas que se desdobram em novas patologias que dialogam de forma direta com o arsenal de psicofármacos que a indústria química coloca à disposição dos psiquiatras clínicos e dos seus pacientes e agregados.

Nesse sentido, pode-se pensar nos psicofármacos a partir da categoria marxista de mercadoria, ou seja, os psicofármacos entram no lugar de objetos a serem consumidos, visando uma maior satisfação que sem dúvida é da natureza do apaziguamento direto da angústia. Tal estado e outros de desconforto psicológico não mais instigam os seus protagonistas a uma inquietação que, por sua vez, leva a produção de saber sobre esses cada vez mais frequentes estados de mal estar, já popularmente denominados de angústia, depressão, transtorno bipolar e assim por diante.

Os sujeitos vinculam-se aos seus sintomas por meio de uma prótese imaginária denominada “doença”, categorizada e oferecida pelo discurso competente, no caso a medicina e a tratam pelo consumo de medicamentos que se colocam como mais uma categoria de bem estar dentre tantas oferecidas pelos diversos sistemas de produção que sustentam o status quo.

Esse panorama requer dos profissionais de psicanálise, de psiquiatria e de psicologia um esforço no sentido de ajudar o paciente a se implicar no próprio sofrimento e nos próprios sintomas, procurando levá-lo a se questionar sobre a sua participação na sua dor. Isso significa retirar o paciente da posição de mero consumidor daquilo que se produz sob a égide do discurso científico e ajudá-lo a atingir uma nova posição de produtor e enunciador de um saber genuíno sobre si mesmo, que o tornará cônscio do quanto o seu sofrimento está ligado às suas diversas escolhas ao longo de cada uma das etapas da sua vida.

  

Referências:

 

Lacan J. O Seminário, livro 17: o avesso da psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar; 1992.

 Miller JA. Para una investigación sobre el goce autoerótico. In: Sujeto, Goce y Modernidad: Fundamentos de la clínica, Toxicomanía y Alcoholismo. Instituto del Campo Freudiano – Atuel. Buenos Aires: TyA; 1993

 Sites consultados:

 

 

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